CIRCULARIDADE

Olhar para o céu sempre foi um meio para lidar com a vida na terra. Ater-se à atividade dos astros, a relação que eles – sol, lua, estrelas, cometas – estabeleciam com o tempo e com o espaço findou por dar ordem aos fazeres humanos. 

Havia um sol mais ou menos presente e dias mais ou menos curtos, mais ou menos quentes, períodos de chuva e de estiagem. Por consequência era possível prever os momentos mais adequados para migrar, os lugares menos hostis para permanecer, a situação mais propícia para plantar e a mais adequadas para colher. Assim, entre o movimento dos corpos celestes e as atividades humanas na terra, delinearam-se circularidades.

Mas, o registro da circularidade do tempo e a conquista de novos espaços não foram, sozinhos, os responsáveis pela complexificação dos coletivos humanos. A inconformidade com as ações inesperadas da natureza, com a transitoriedade da vida sustentaram o movimento de olhar para o céu e nele encontrar respostas. A demanda pelo preenchimento de vazios forjou deuses e mitos, crenças e rituais e uma sorte de práticas que aproximaram a subjetividade da objetividade humana.  

Era preciso não apenas plantar no período certo para garantir uma boa colheita, mas clamar pela proteção das divindades. Foi da comunhão dessas necessidades que nasceram os festivais agrários dos antigos povos. Na Europa, a veneração aos deuses da fecundidade era manifestada por meio de ritos e cerimônias – práticas sagradas –, também por festas e orgias – práticas profanas. Com a cristalização do Império Romano, os festivais agrários que aconteciam durante o solstício de verão, no mês de junho, foram ajustados e atribuídos a São João Batista. 

Como consequência da absorção, por parte da Igreja, das práticas sagradas e profanas, as festas do mês de junho já não mais pediam a proteção das divindades, nem comemoravam a fertilidade do solo, elas rememoravam o passado, a simplicidade do campo e a proximidade do homem com a terra e com a religiosidade. 

No decorrer de vários ciclos solares e com o consequente desenvolvimento das cidades, as festas juninas passaram a fazer parte das novas dinâmicas urbanas, de modo a satisfazer a necessidade de encontro a estabelecer um elo social e a contribuir para a construção de um sentimento de coletividade. 

No Brasil, as festas juninas trazidas pelos povos colonizadores e alusivas a Santo Antônio, São João e São Pedro preservaram a cultura e o sentido comemorativo da colheita do milho, da reverência aos santos católicos e da necessidade de proporcionar encontros. 

A partir das festas juninas foi criada uma rede simbólica que funciona como um âmbar das práticas do passado. A fogueira, o milho, as comidas típicas, os fogos, as brincadeiras, as bandeirolas, as quadrilhas, a música, falam de ciclos finalizados, ao passo em que renovam as relações de encontro. 

Betânia Casa Firme

A obra


Gostaria de ver a obra completa? Clique no botão abaixo para acessar.

Biografia


Lina Ganem é natural de Goiânia-GO, graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Paraíba, UFPB, vive e trabalha em João Pessoa/PB desde os anos 80.

Participou de exposições individuais e coletivas no Nordeste e Sudeste do país:

2022, exposição individual, ExpoSesc-PB;

2022, menção honrosa, Mostra Atual Paraibana de arte Naif;

2021, premiada no Salação Parahyba de Pequenos Formatos: Gravura e Desenho;

2021, selecionada no 3º FIAN, na cidade de Guarabira;

2020, selecionada na 15ª Edição da Bienal Naifs;

2019, selecionada no Edital de Ocupação Artes Visuais da ENERGISA;

2019, menção honrosa no 2º FIAN, na cidade de Guarabira;

2019, selecionada para mostra Paraibana de arte Naif SESC-PB;

2018, selecionada para o Salão de Artes Visuais do SESC-PB;

2018, selecionada para o Salão de Artes Visuais do SESC-PB;

2018, participou da 14ª Edição da Bienal Naifs;

2017, selecionada para mostra coletiva, no Edital de Ocupação Artes Visuais da ENERGISA;

2016, recebeu a distinção menção honrosa, na 13ª Edição da Bienal Naifs