Está em cartaz até o dia 31 de outubro, no Sesc Cabo Branco, em João Pessoa, a exposição Ouro Sobre Preto, do artista Hicor. A exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 09h às 17h.
Sobre o artista
Hicor, nome artístico de Felipe da Silva Batista, é um jovem artista de 21 anos, nascido na periferia do bairro São José, em João Pessoa, onde mora até os dias atuais. Por meio de brincadeiras com restos de carvão e espetinhos feitos pela avó, desde os seis anos enxerga na arte um propósito para viver e sobreviver como um artista negro no Brasil.
Autodidata em desenho, iniciou sua vivência artística com arte urbana. Teve a oportunidade de aprimorar suas habilidades com tintas a óleo e acrílica com o apoio de um amigo artista na escola na qual estudava, onde realizou sua primeira exposição de artes visuais.
Hicor foi selecionado pela Lei Aldir Blanc em 2020, pela qual teve sua obra incluída no acervo da Paraíba, e pelo projeto Celso Furtado, em 2021, no qual desenvolveu um projeto de empreendedorismo cultural do Bairro São José.
Sobre a exposição
Na pintura que transgride do olhar de quem AFROnta, surgem as relações cotidianas de quem percorre as ruas do Bairro São José (comunidade localizada em João Pessoa, Paraíba, Brasil) carregando pedaços de madeira, tecidos e tubos de tinta para construir suas telas em suas próprias dimensões e, por conseguinte, o seu ARTEvismo PRETO.
Felipe Batista da Silva, HICOR, transpira em sua pintura os seus sonhos e as suas memórias e de tantes outres jovens pretes periféricos: viver de sua arte, de suas ideias. Assim, através de sua maior manifestação cultural, surge a manifestação rítmica de seu devir, transcendendo a marginalidade e a dor. Quando pinta, HICOR rima com as cores como quem rima com o Rap, contando a sua realidade, o seu amanhecer, o seu corre, a sua quebrada: “olha só aquele clube, que da hora, olha o pretinho vendo tudo do lado de fora” (Racionais Mcs). Do grafismo impresso através de suas pinceladas marcantes, carregadas e suaves, surge sua identidade, sua pretitude, o seu caminhar na arte, como “um homem na estrada que recomeça a sua vida, sua finalidade, a sua liberdade”.
Ouro sobre preto banha em sua negritude o sagrado de sua ancestralidade, compartilhada em riscado e pintura, em arte preta paraibana.